CONCEPÇÃO ESTÉTICA DO ESPETÁCULO

12-01-2013 21:10

 

MÚSICA, INTERPRETAÇÃO E GESTUS

A música e o teatro são duas artes que o sopro de Dionísio fez nascer, quando não entrelaçadas, ao menos irmanadas no mesmo espaço de celebração.

É partindo deste princípio que o musical será concebido. “A Arca de Noé” não é uma colagem de som, interpretação e efeitos especiais. Ela se apóia num conceito de eficiência na criação de um ambiente sonoro que responda e emoldure – da forma mais efetiva possível – as situações cênicas e imagéticas.

O Diretor Musical Antonio Melo irá acompanhar todos os ensaios para compreender melhor a construção das personagens e das cenas, bem como compreender as características e ações de cada personagem.

Esse acompanhamento permitirá a composição e sucessivamente a gravação das músicas com o próprio elenco.

Será criada uma canção para cada um dos personagens principais, à exceção de Noé. Assim, terão músicas temas: Hipopótamo, Macaco, Leão, Pato e a Galinha D´Angola.

Não haverá trilha ao vivo. Todas as canções serão gravadas.

O MOVIMENTO A PARTIR DA METODOLOGIA DE TRANSFERÊNCIAS

A coreógrafa Verusya Correia também irá explorar o movimento e o gesto de cada ator na criação de seu personagem. A partir do momento em que cada ator/atriz se identifica com seu animal (Hipopótamo, Macaco, Galinha D´Angola etc) a coreógrafa irá se aproximar da dinâmica da vida animal, em sociedade, quando todos estarão participando da mesma coreografia e individualmente, quando cada um irá criar sua própria movimentação a partir da personagem. Por exemplo: “Se eu fosse Rita, a Galinha D´Angola, como eu dançaria?”.

As identificações com as personagens constituem um momento de trabalho e devem reverter para a dimensão dramática. Para isso ela irá utilizar-se da metodologia das transferências, que consiste em apoiar-se na dinâmica da natureza, dos gestos da ação, dos animais, das matérias, para, daí, servir a finalidades expressivas, com o intuito de interpretar melhor a natureza humana. A meta é atingir um nível de transposição teatral, fora da interpretação realista. É trabalhar o corpo a partir de uma pedagogia capaz de humanizar os personagens-bichos.

Em suma: como ser bicho, com características humanas. Ou ainda: como ser humano, com características animais.

Tendo como referencial teórico, Jacques Lecoq, a coreógrafa, com a ajuda do Diretor poderá propor durante a criação das cinco coreografias propostas, duas abordagens possíveis. A primeira consiste em humanizar um elemento ou um animal, dar-lhe um comportamento, fazer com que tome a palavra, colocá-lo em relação com os outros.

A segunda possibilidade de transferência consiste em inverter o fenômeno. Parte-se do personagem humano, que progressivamente, em certos momentos da interpretação, deixa transparecer os elementos ou os animais que os constituem profundamente.