A ARCA DE NOÉ - CENA 1

12-01-2013 21:14

A ARCA DE NOÉ, de Pawlo Cidade

Inspirada nos poemas de Vinicius de Moraes

 

CENA 1 – QUANDO AS LUZES SE APAGAM, OUVEM-SE TROVÕES E RELÂMPAGOS. A CHUVA COMEÇA A CAIR PESADAMENTE. AS CORTINAS SE ABREM E O QUE SE VÊ, É APENAS A IMAGEM DE UMA ARCA, EM 3D, EM MEIO A IMENSIDÃO DO OCEANO. GOTAS DA CHUVA (FEITAS POR UMIDIFICADORES) “MOLHAM” A PLATEIA. DE REPENTE, OS TROVÕES E OS RELÂMPAGOS CESSAM. A CHUVA TAMBÉM VAI DIMINUINDO ATÉ PARAR DE VEZ. O MAR VAI DESAPARECENDO E A ARCA VAI ATRACANDO. PONTUAÇÃO MUSICAL. PONTUAÇÃO MUSICAL. ÁRVORES SURGEM PELAS LATERAIS DO TEATRO FORMANDO UMA LINDA FLORESTA.

DEUS (em off)

“Noé, sai da arca com os teus filhos,a tua mulher,

as tuas noras, os teus animais.

Cada um vá para onde quiser.

E a vida repovoe a Terra!”

A ARCA ABRE LENTAMENTE SUA PORTA E DO SEU INTERIOR SAI NOÉ. NASCE UM LINDO ARCO-ÍRIS. OS DEMAIS PERSONAGENS DESTA HISTÓRIA VÃO SE ESPREMENDO NA PORTA, TENTANDO SAI TODOS DE UMA VEZ.

MACACO

Vocês estão pisando no meu rabo!

PATO

Eu não estou pisando no rabo de ninguém. Vocês vão acabar arrancando todas as minhas penas!

GALINHA D´ANGOLA

Ai, meu Deus! Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!

GINA, A HIPOPOTAMO

Deixem eu sair primeiro senão vou acabar esmagando vocês.

PATO

Quac! Quac! Quac! Vou virar patê!

NOÉ

Meus amigos, tenham paciência! Tem terra para todos!

LEÃO (zangado)

Mas não tem porta, não é, Noé?

ELES CONTINUAM TENTANDO SAIR ATÉ QUE CONSEGUEM, CAINDO UM POR CIMA DOS OUTROS. NOÉ FICA POSSESSO. BRIGA COM TODOS ELES.

NOÉ

Vocês deviam ter um pouco mais de educação.

Só ficamos apenas cento e cinqüenta dias nesta arca.

Ninguém passou fome. Ninguém passou frio.

E agora, ficam nessa danação toda para sair daí?

MACACO

Eu não agüentava mais o fedor de pum e cocô.

PATO

Quac! Nem eu.

GALINHA D´ANGOLA (girando que nem um pião)

Ai, meu Deus! Tou fraca! Tou fraca!

LEÃO

Você até que teve sorte, Patrick.

Se tivesse ficado ao lado da mesma jaula que a Gina,

você teria morrido. Já viu o tamanho da bunda dela?

Cada pum parecia um trovão! Desmaiei umas três vezes.

HIPOPOTAMO

Brutus, seu mentiroso!

Como ousa falar assim de mim?

Meus puns são educados e cheirosos.

Querem ver?

OS OUTROS GRITAM:

Não!

NOÉ

Parem já com este discurso de puns e cocôs.

Saiam já daqui. Vão fazer o que o Senhor os mandou.

Não quero ver um só bicho nesta arca.

Vocês estão entendendo?

GALINHA D´ANGOLA

Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!

NOÉ

E você pare com essa matraca de:

 “Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!”

A que mais comeu durante toda a estadia foi a senhora.

Portanto, não venha com essa de:

 “Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!”

Você me entendeu?

GALINHA D´ANGOLA

Ai, que indelicadeza. Esse velho deve ter perdido o juízo.

NOÉ (Gritando)

Eu não perdi o juízo, sua Galinha tresloucada!

Eu perdi a paciência.

Já não agüentava mais a reclamação de todos vocês.

Quando não era o Macaco, era o Pato;

quando não era o Pato, era o Leão.

Quando não era o Leão era o seu marido, o Hipopotamo.

HIPOPOTAMO (esboçando um sorriso)

A gente ainda não é marido e mulher não, seu Noé. O senhor deixou o Arnaldo na Terra antiga e trouxe o Vitor. Ele é meio esquisitão, mas dá no couro!

NOÉ

Só me faltava essa. (Noé começa a expulsá-los da arca) Xô, xô, xô! Saiam daqui. Saiam todos daqui. Vão povoar a Terra de uma vez por todas!

COMEÇA UMA CANÇÃO. ELES DANÇAM. NOÉ VAI SAINDO DE CENA. FIM DA CENA 1.


Crie o seu site grátis Webnode